Não só os legisladores e o governo, mas também as empresas particulares têm sentido os efeitos da pressão pública por um aumento do bem-estar na produção. Isso pode ser ilustrado pelo aumento nas vendas de ovos produzidos sem gaiolas nos Estados Unidos em aproximadamente 150%, entre 2000 e 2008. A reprovação dos consumidores acerca dos sistemas de criação intensiva, assim, cresceu a ponto de obrigar grandes produtores e redes varejistas a adotar políticas de bem-estar animal significativas, a fim de não perder clientes.
Respondendo a esta demanda, um crescente número de empresas do varejo alimentar da Europa já está oferecendo carne e ovos produzidos em sistemas sem o uso de gaiolas. Uma tendência semelhante é verificada nos Estados Unidos, onde importantes redes de restaurantes e supermercados estão adotando políticas favoráveis a fornecedores que não utilizam gaiolas ou celas.
Em março de 2007, a Burger King, segunda maior cadeia de restaurantes fast-food dos Estados Unidos, anunciou que reduziria gradativamente os produtos oriundos de gaiolas em todas as suas franquias na América do Norte. A empresa afirmou que esta decisão foi tomada não apenas pelo seu desejo de estar à frente das tendências da indústria, mas também para encorajar os produtores a adotarem métodos de produção mais humanitários. Outras grandes redes de restaurantes e lanchonetes dos EUA, tais como Wendy’s, Red Robin, Hardee's e Carl's Jr., seguiram os mesmos passos.
A Wal-Mart e a McDonald’s dos Estados Unidos, por sua vez, passaram a pressionar seu fornecedor Smithfield Foods – maior produtor mundial de suínos – a adotar um programa de eliminação das celas de gestação. A Maple Leaf Foods, líder em carne suína no Canadá, assumiu também o compromisso de eliminar gradualmente o uso do sistema intensivo. De forma semelhante, a Associação Americana de Vitela votou por encerrar definitivamente o uso de gaiola de vitelo em 2017, a fim de estimular toda a indústria americana do produto.
Também nas gôndolas dos supermercados, a tendência é clara. A Safeway, uma gigante do ramo com 1.743 lojas nos EUA e no Canadá, anunciou em 2008 o plano de atingir, ainda em 2010, a parcela de 6% de ovos sem gaiolas no total da venda de ovos da empresa, além de dar preferência a fornecedores de carne suína que não confinam intensivamente as porcas reprodutoras. Já o Whole Foods Market, líder mundial do varejo de alimentos naturais e orgânicos, trabalha hoje exclusivamente com ovos produzidos sem gaiolas, além de ter implementado outras normas de bem-estar animal. Outras redes de supermercados norte-americanas, como Wild Oats, Andronico’s, Jimbo’s, Earth Fare e Mother’s também já eliminaram de suas prateleiras todos os produtos animais oriundos do confinamento intensivo.
No Reino Unido, tais políticas internas de bem-estar animal também aparecem. Exemplos são as importantes redes varejistas Marks and Spencer, Sainsbury’s e Waitrose, que não mais vendem ovos de gaiolas ou carne suína de celas. A McDonald’s da União Européia, por sua vez, já tinha mais de 95% dos seus ovos produzidos em sistemas “cage-free” em 2008, e se comprometeu a atingir os 100% ainda em 2010. Outras redes de varejo alimentar da Alemanha, Itália e Holanda têm também reduzido gradativamente o fornecimento de ovos produzidos em gaiolas.
Além de produtores, supermercados, restaurantes e lanchonetes, os escritórios de empresas com grandes quantidades de funcionários passaram a abastecer seus refeitórios apenas com produtos livres de gaiolas e celas, gerando grande impacto financeiro e educativo. É o caso da America Online, Google e Yahoo!, entre várias outras. Além disso, centenas de universidades dos EUA fizeram o mesmo nos seus refeitórios, aumentando significativamente a demanda por ovos cage-free e mobilizando muitos estudantes a aderir à tendência.
No Brasil, alguns produtores de escala comercial já perceberam a tendência do mercado e estão expandindo suas instalações livres de gaiolas, substituindo o antigo sistema. Já há até mesmo um selo de certificação nacional, chamado Certified Humane Brasil, que pode ser concedido àquelas granjas que não praticam o confinamento intensivo e cumprem alguns outros requisitos básicos de bem-estar animal.
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