domingo, 29 de abril de 2018

BEM ESTAR ANIMAL


Adotando uma Política de Produção Livre de Gaiolas para Produtos de Origem Animal no Brasil: Um relatório da HSI (HUMANE SOCIETY INTERNATIONAL)

     A consideração do bem-estar dos animais de produção vem se tornando uma grande preocupação de governantes, produtores e consumidores de todo o mundo. Sistemas de confinamento intensivo como as gaiolas em bateria e as celas de gestação, particularmente, têm sido reconhecidos como causadores de graves prejuízos ao conforto físico e à expressão de comportamentos naturais dos animais. A União Européia e determinados estados dos Estados Unidos já aprovaram regulamentações que eliminam estes sistemas de alojamento no prazo de alguns anos. Inúmeras empresas internacionais de produção e varejo alimentar, incluindo Burger King (América do Norte), Smithfield Foods e McDonald’s (Europa), comprometeram-se a eliminar gradativamente o uso e a venda de ovos ou carne suína produzidos em sistemas intensivos. Esta tendência está também influenciando o Brasil, onde pesquisas já indicam que 88% dos consumidores acham que o tratamento dos animais de produção precisa melhorar. Por esta razão, tecnologias de alojamento sem gaiolas para granjas comerciais de galinhas poedeiras e porcas reprodutoras estão se revelando uma oportunidade de negócios de grande potencial no Brasil. Embora os produtores se deparem com alguns obstáculos para adotar o novo sistema, a maioria das dificuldades pode ser resolvida com determinadas adaptações nas instalações, nas linhagens animais e nas práticas de manejo. Neste artigo, mostramos que é possível neutralizar estes obstáculos de forma a garantir baixa mortalidade, escala comercial de produção, alto nível de segurança alimentar e custos acessíveis. Os produtores têm, portanto, a possibilidade de tratar os animais de forma mais adequada – atendendo às expectativas dos consumidores –, permanecer competitivos e até mesmo conquistar novos mercados.


Introdução

     É extensa a literatura científica que demonstra que animais confinados intensivamente vivem frustrados, são estressados e sofrem nos sistemas de produção modernos, substanciando o argumento de que gaiolas em bateria para galinhas poedeiras e celas individuais para suínos ou bezerros não podem ser ambientes adequados. Algumas das principais instituições brasileiras do setor produtivo, como a União Brasileira de Avicultura (UBA), já reconhecem que o bem-estar animal constitui uma preocupação muito importante no agronegócio, ao lado da preservação ambiental, da segurança alimentar e das boas condições de trabalho.
     Um conceito amplamente aceito de bem-estar de animais de produção, proposto pelo Conselho de Bem-estar de Animais de Produção (FAWC, em inglês), órgão consultivo para o governo britânico, engloba cinco liberdades essenciais que devem ser atendidas para que um animal seja “protegido do sofrimento desnecessário”. O animal, para tanto, deve estar (a) livre de fome e sede, (b) livre de desconforto, (c) livre de dor, injúria ou doença, (d) livre para expressar um comportamento normal e (e) livre de medo e estresse.
Sistemas de alojamento industrial de animais têm implicações particularmente graves no bem-estar animal. O bem-estar das aves, porcas e bezerros intensivamente confinados fica significativamente comprometido, uma vez que os animais são continuamente impedidos de se exercitar, estender seus membros completamente, girar o seu corpo ou desenvolver outros comportamentos que lhes são naturais e instintivos. A restrição quase total dos movimentos pode ter um alto custo para o seu bem-estar físico e psicológico, resultando em psicose – decorrente do extremo tédio e frustração – e em problemas fisiológicos.

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